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Câncer de pênis: em 2023 ocorreu 651 amputações no Brasil causadas pela doença
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No último dia (04), Dia Mundial de Combate ao Câncer, médicos fizeram alertas sobre esse tipo de tumor que pode ser prevenido apenas com higiene diária. Mais de 450 homens morreram no Brasil, no ano passado, em decorrência do câncer de pênis.
- Por Camilla Ribeiro
- 05/02/2024 22h21 - Atualizado há 8 meses
O Brasil registrou 651 amputações de pênis, somente no ano passado (totais e parciais) e 454 óbitos em decorrência do câncer de pênis.
Neste domingo (04), Dia Mundial de Combate ao Câncer, os dados do Ministério da Saúde e da Sociedade Brasileira de Urologia chamaram atenção para a necessidade do diagnóstico rápido da doença, segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Urologia do Distrito Federal, o médico Fransber Rodrigues.
"Os homens [e pessoas com pênis] não procuram o médico no início do quadro. [...] É muito comum o câncer de pênis chegar em estágio avançado, pois têm vergonha, não mostram para ninguém. Chegam com infecção secundária, mau odor. Eles acham que vão melhorar e ficam dois, três, quatro meses sem buscar atendimento", declarou o urologista.
O Brasil é um país com alto índice de câncer de pênis. Somente no Distrito Federal, em 2023, a Secretaria de Saúde registrou oito amputações do órgão na rede pública e quatro mortes. A higiene é uma das principais formas de prevenir a doença.
Diagnóstico precoce através de sinais de alerta
Segundo o médico Fransber Rodrigues, existe alguns sinais de alerta que podem ser identificados:
-Mancha, ferida, rugosidade, tumor ou úlcera na glande (cabeça do pênis), na pele que cobre a cabeça do pênis ou no corpo do pênis
- Secreção branca (esmegma)
-Aumento anormal, mudança de cor da pele do pênis ou prepúcio (tecido da cabeça do pênis)
"O câncer de pênis começa no exterior, sempre se inicia no exterior, que é onde tem agressão pela má higiene, pelo [papilomavírus humano] HPV. Ele começa como rugosidade que não melhora e vai piorando, como uma mancha que não melhora e, principalmente, feridas que não cicatrizam”, explica o urologista.
Se o órgão apresentar algum dos sinais descritos acima, o especialista destaca que é preciso buscar atendimento médico.
"O diagnóstico precoce do câncer de pênis é essencial para melhores resultados no tratamento da doença e evitar a amputação total do pênis, que traz consequências físicas, sexuais e psicológicas", diz Fransber Rodrigues.
Prevenção do câncer de pênis?
Para a prevenção do câncer de pênis, a regra é básica, de acordo com o urologista Fransber Rodrigues: lavar diariamente com água e sabão.
Sempre que houver relações sexuais e masturbação, a recomendação é lavar logo depois.
Pacientes que possui fimose – o estreitamento anormal do prepúcio (pele que recobre o final do pênis), impedindo ou dificultando a exposição da glande (cabeça do pênis) – o médico recomenda a operação da fimose.
"Por ser um dificultador da higienização do pênis, há chances de contrair o câncer", diz o urologista.
Fatores de risco para câncer de pênis
-Má higiene
-Fimose
-Infecção por HPV
-Tabagismo
Tratamento do câncer de pênis
De acordo com o Ministério da Saúde os tratamentos variam de caso a caso, porém consistem na remoção cirúrgica da lesão ou tumor no pênis, radioterapia ou quimioterapia. A forma que o tratamento será desenvolvido varia de acordo com a extensão do tumor.
"O que vai definir é o local e o tamanho da lesão. Lesões pequenas no prepúcio, tira a pele do prepúcio e acabou. Na glande, pode tirar parte da glande. Lesões não tão avançadas, pode fazer amputações parciais, amputa só a glande. Casos avançados, amputação total. A maioria dos pacientes é amputação parcial, mas mesmo ela, é uma cirurgia mutilante, é uma doença mutilante”, diz o médico.
Como é depois da amputação?
Após a amputação total do pênis, em relação ao sistema urinário, a uretra é colocada no períneo – região localizada na parte inferior da pelve. Já a relação sexual não é mais possível com a retirada total do membro.
Em casos da amputação parcial é possível fazer a reconstrução da parte retirada, segundo o urologista Fransber Rodrigues.